A cena clássica de parto com a mulher berrando, apavorada – seja pela dor intensa, seja pelas práticas de violência obstétrica (outrora tão comuns) – pode estar cada vez mais distante da realidade. É o que promete o gentlebirth, técnica criada pela parteira irlandesa Tracy Donegan em 2006, mas que só agora começa a ganhar o mundo.
O termo gentlebirth, que pode ser traduzido como “nascimento gentil”, se baseia nas neurociências, na hipnose e na psicologia do esporte, e reúne práticas de meditação, exercícios respiratórios e frases afirmativas para reduzir a ansiedade, o estresse, a dor e o medo, aumentando a concentração e a resiliência emocional na gestação, parto e pós-parto.
O gentlebirth, como outras técnicas de parto humanizado, faz parte de um esforço de profissionais da saúde e ativistas dos direitos das mulheres de todo o mundo para aumentar o protagonismo materno no momento de dar à luz e acabar com a violência obstétrica – que segundo o estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, feito pela Fundação Perseu Abramo em 2010, acontece em 25% dos partos em nosso país.
A parteira por trás do gentlebirth
Antes de criar o método, Tracy Donegan era instrutora de hypnobirthing (técnica de parto baseada em hipnose que conquistou personalidades como as duquesas de Cambridge e Sussex). Ao perceber que a hipnose não funcionava para todas as mulheres, ela conjugou outras técnicas, e daí surgiu o gentlebirth.
De acordo com um estudo feito na University College Cork (Irlanda) com 200 mulheres, aquelas que fizeram sua preparação para o parto de acordo com o método relataram ter tido uma experiência mais positiva, com maior tolerância à dor e mais aderência ao plano de parto previamente determinado pelas grávidas.
Para a gestante que quer entender melhor como funcionam as técnicas de Donegan, o ideal é experimentá-las na prática, por meio do acesso ao aplicativo para celular ou dos encontros presenciais que acontecem em alguns estados brasileiros – ambas as práticas podem acontecer desde o início da gestação.
Fontes:
GentleBirth: Your Positive Birth Begins Here. Tracy Donegan, 2018.
http://gentlebirthireland.com/
“Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”. Disponível em: https://apublica.org/wp-content/uploads/2013/03/www.fpa_.org_.br_sites_default_files_pesquisaintegra.pdf