A situação é comum: o ano letivo avança e a família percebe que há um risco de reprovação. Diante disso, o que fazer?
“Quando o filho está com notas baixas, a primeira solução para muitos pais e mães é contratar um professor particular. No entanto, não é sempre que as aulas de reforço funcionam. Na adolescência, o indivíduo está saindo da fase de ser cuidado para atingir a etapa de cuidar de si. O ideal é que antes de tomar essa decisão os pais reflitam se é o melhor a fazer de fato ou se é só uma tentativa de continuar cuidando do filho”, alerta Sabrina Oliveira, cocriadora do Método GrowCoaching e do programa de formação TeenCoaching.
Sabrina explica que lidar com essa fase de transição própria da adolescência pode ser difícil para os pais, pois precisam encontrar o meio-termo entre cuidar totalmente – como estavam acostumados na infância – e a autonomia total – que só acontece na idade adulta.
Sabrina, que atende adolescentes diariamente como TeenCoach e tem anos de experiência como educadora, analisa que as aulas particulares só funcionam quando há uma recomendação específica (ex.: o aluno faltou muitas aulas por causa de uma viagem ou doença), e o processo deve ter data de começar e de terminar, sob o risco de causar certa dependência no aluno.
“Quando essa alternativa é usada indefinidamente, o que vemos é que o estudante passa a prestar menos atenção à aula na escola e para de tirar dúvidas em classe, pois se sente mais confortável na interação com o professor particular. Acontece que quem monta a prova que esse jovem vai fazer é o professor da instituição”, lembra.
Ciclo sem fim
De acordo com a observação de Sabrina e seus colegas, quando a aula particular não é bem indicada, acontece um ciclo comum: o aluno paga por uma série de encontros, mas na hora da avaliação sua nota não aumenta significativamente, e mesmo assim ele continua, pois o fato de haver um professor particular lhe dá uma sensação de segurança.
No entanto, essa é uma solução que age apenas no âmbito cognitivo, e de maneira geral uma queda nas notas tem muito mais a ver com causas emocionais: dificuldade de relacionamento com o professor e/ou com os colegas de turma, timidez ou insegurança excessivas, ou até questões familiares que estão influenciando na escola.
Sabrina lista os critérios que podem ajudar na escolha por aulas particulares, confira:
- Promover uma conversa em família, perguntando ao filho o que ele sugere que pode fazer para melhorar suas notas, e de que forma os pais podem ajudá-lo nesse processo;
- Avaliar se o estudo tem sido ativo, comprovadamente mais eficiente que o estudo passivo (confira em https://institutoinfantojuvenil.com.br/a-hora-e-a-vez-das-metodologias-ativas-de-estudo/);
- O aluno conversar com o professor e/ou com o orientador pedagógico, de modo a entender o que pode fazer para melhorar seu aproveitamento.
- Se depois desses três passos o estudante, os pais e a escola, em conjunto, decidirem que o melhor a fazer é iniciar aulas particulares, o ideal é já combinar quantas horas serão e a data para seu fim, de modo a aproveitar as vantagens desse reforço, sem correr o risco de extrapolar.