Vozes alteradas, uma porta que bate mais forte que o necessário, choro no banheiro. Essa poderia ser uma cena de briga em família, mas quem está no meio corporativo sabe que também se encaixa muito bem no dia a dia de empresas. São pressões, decisões tomadas às escondidas pela direção, situações de assédio e humilhação cotidianas. Some-se a isso as muitas horas diárias passadas neste lugar, e está criada a fórmula perfeita para o caos emocional.
Em muitas pessoas, o ambiente de trabalho pode funcionar como um gatilho, despertando as piores emoções. Apesar de esta ser uma situação comum, definitivamente não é saudável. E mais: não precisa ser assim. Mesmo quando há políticas corporativas de estímulo à boa comunicação e até uma administração participativa, nada garante que os atritos não vão existir. Afinal, onde há pessoas, há dificuldades de relacionamento.
Necessidades individuais x produtividade
Diante disso, como administrar os sentimentos e necessidades – próprios e alheios –, aumentando o bem-estar e a satisfação dos colaboradores e, consequentemente, sua produtividade?
A chave aqui é investir, em primeiro lugar, em si mesmo. Quando se tem maturidade emocional (que não tem nada a ver com idade, experiência ou capacidade técnica), é possível, por meio da autorregulação, descobrir formas de não tomar para si o que percebe como destemperos alheios – tendo sempre em mente que você, provavelmente, também incomoda alguém com seu jeito de ser e estar no mundo.
Criando anticorpos emocionais
Ao contrário do que se pensava em outros tempos, lidar com as emoções no ambiente de trabalho não significa reprimi-las, mas acolhê-las de forma madura e responsável (consigo e com os demais). É como criar “anticorpos emocionais”.
Ao se conhecer, você consegue escolher as batalhas pelas quais vale a pena lutar, percebendo até onde pode ceder e do que não abre mão, sabendo se posicionar de forma firme, assertiva e empática. A isso Daniel Goleman chamou de automotivação. De acordo com o pesquisador, a automotivação é um dos principais pilares da autorrealização.
Confira algumas orientações para gerenciar suas emoções no trabalho:
- Nem tudo é sobre você. Acredite, ninguém acorda pensando em como atrapalhar seu dia. Não é pessoal. Cada pessoa está travando as próprias batalhas, mas quem está de fora não sabe disso. Ninguém é responsável pela sua felicidade ou infelicidade, além de você mesmo.
- Se você ficar desconfortável com uma ação ou fala de alguém, verbalize (sem ofender a pessoa nem rotulá-la, mas mostrando seu sentimento perante o que aconteceu). Da mesma forma, se vir que causou desconforto em algum colega, procure esclarecer a situação por meio do diálogo.
- Mesmo em ambientes de atritos constantes, é preciso ter a sua âncora: o que o mantém no lugar onde você está, fazendo o que faz. Pode ser o propósito que você enxerga no produto do trabalho, sua possibilidade de crescimento profissional, a criação de vínculos com colegas ou até um salário que lhe permite realizar sonhos pessoais. Para além da missão e visão da empresa, construa sua própria visão, seus porquês. Sempre que estiver se sentindo desestimulado, busque sua âncora. Leia novamente sua visão e missão e retome seu rumo.