“Não tenho experiência suficiente”; “não tenho conhecimento suficiente”; “nunca fui o melhor aluno da turma”; “desperdicei chances, agora não dá para voltar no tempo”; “nunca terei boas oportunidades profissionais”.
Você já ouviu uma dessas frases? E alguma vez já falou esse tipo de coisa?
De acordo com a psicóloga e neurocientista Adriana Santiago, esses pensamentos caracterizam o que o norte-americano Jeffrey Young chamou de esquemas desadaptativos remotos.
Essa teoria, desenvolvida na década de 1990, afirma que um esquema é um tema ou padrão amplo, difuso, formado por memórias, emoções e sensações corporais relacionadas a si próprio ou a outras pessoas. Surge durante a infância ou adolescência e é elaborado ao longo da vida do indivíduo. Em geral os esquemas são criados por experiências nocivas repetidas regularmente no início da vida do sujeito (ex.: a criança que ouve durante anos seu pai dizer que ela é burra).
“A pessoa sente que esses esquemas fazem parte de sua natureza, e por isso é tão difícil se livrar deles. Embora causem sofrimento, são familiares, e mantêm a pessoa na zona de conforto”, explica Adriana.
Uso inconsciente
Os esquemas desadaptativos remotos em geral foram úteis em algum momento da vida do indivíduo, mas hoje não fazem mais sentido. Apesar disso, continuam a ser usados inconscientemente. Entre os 18 esquemas propostos por Jeffrey Young, há o de Fracasso e o de Negativismo/Pessimismo, que estão diretamente ligados às finanças.
“É como se o ‘HD interno’ do indivíduo fosse formatado tendo por base esses esquemas, que agem tanto nos sentimentos quanto nos pensamentos. As pessoas vão replicando esses esquemas em todos os âmbitos da vida, como uma autossabotagem não intencional, e eles são a base das crenças limitantes”, analisa Marcia Belmiro.
Marcia explica que sair dessa “predestinação autoimposta” demanda tempo, vontade e muitas vezes auxílio profissional de um psicólogo. Mas o processo vale a pena, pois quando as pessoas conseguem romper esses esquemas, são capazes de ir além, alcançando um potencial que nem sabiam que tinham.
QI x IE
Outro pesquisador, também norte-americano, estudou a conexão entre a relação consigo e a prosperidade material. Na década de 1980, Daniel Goleman descobriu que as pessoas mais bem-sucedidas (não apenas financeiramente, mas também socialmente e afetivamente) não eram aquelas que tinham estudado mais, mas as que desenvolveram melhor sua inteligência emocional, num processo que se dá por meio de cinco aspectos: automotivação, gerenciamento das emoções, empatia, relacionamentos sociais e autoconhecimento.