Que os adolescentes de hoje vivem ligados em tecnologia todo mundo sabe. Mas alguns deles estão deixando de ser somente usuários para se tornar criadores e desenvolvedores de programas – e até de robôs.
A alfabetização digital, como é chamada, está em expansão, e sua importância já é comparada, pelos especialistas em educação, ao aprendizado de um segunda língua para as gerações passadas de jovens, como diferencial no currículo acadêmico.
Nos últimos anos, surgiram diversas escolas de programação e robótica pelo país, e alguns colégios oferecem essas disciplinas na grade curricular. Com o objetivo de estimular as crianças e adolescentes a se interessarem por tecnologia – uma área com grande déficit de profissionais no Brasil – foi criada a Olimpíada Brasileira de Robótica, que em suas seis edições já teve quase 1 milhão de inscritos.
Nossos jovens cientistas têm conquistado prêmios mundiais, como o primeiro lugar no torneio de robótica First Championship, realizado em 2019 em Houston, nos Estados Unidos. Lá, uma equipe formada por estudantes paulistas de 9 a 16 anos superou mais de cem grupos de várias partes do mundo.
Aprendizado valioso
Entre as vantagens, estão o desenvolvimento das chamadas soft skills, cada vez mais valorizadas no mundo atual, inclusive na BNCC: habilidades de liderança, iniciativa, proatividade, trabalho em equipe, planejamento, construção de projetos, criatividade, organização, perseverança, inovação, resolução de problemas, empreendedorismo – além, é claro, de raciocínio lógico e matemático.
É comum os jovens que participam desse tipo de aula perceberem aumento do aproveitamento escolar, não só nas matérias diretamente relacionadas, como matemática e física, mas também português e redação, pelo estímulo à interpretação de texto e organização de ideias, por exemplo.
“Investir em aulas de robótica e programação para adolescentes vale a pena, desde que o interesse parta do jovem. Não será um momento de gratificação imediata, porque é o tipo de aprendizado que desafia o mental e o emocional, mas à medida que o estudante vence os obstáculos e avança, é muito recompensador”, analisa Sabrina Oliveira.
Pontos de atenção
Apesar do crescimento desse filão, alguns pais e mães se preocupam com o aprofundamento da presença dos filhos no ambiente tecnológico. Existem escolas de robótica que aceitam crianças a partir de 2 anos. Nessa idade, os especialistas orientam que o importante é proporcionar estímulos off-line, como jogos que envolvam o corpo e a socialização.
Mesmo mais tarde, na segunda infância e na adolescência, é preciso haver equilíbrio entre as atividades, de modo que seja garantida uma rotina de atividades físicas, de preferência ao ar livre.