No dia 23 de setembro Marcia Belmiro fez uma live com o tema “O que poderia impedir o sucesso de um KidCoach?”. Na ocasião, contou com a companhia das KidCoaches Ana Bortoletto, Marina Mottin, Bruna Cassaro e Ariane Carmona, que contaram um pouco sobre suas próprias experiências, as dificuldades pelas quais passaram e como enfrentaram-nas.
Confira a seguir os melhores momentos desse bate-papo:
Marcia: “Hoje vamos falar tanto para quem já é aluno, quanto para quem está começando a estudar, mas também para quem está pensando em ingressar nas nossas formações. Quais barreiras poderiam impedir os KidCoaches de terem um trabalho rentável e gratificante – emocionalmente e financeiramente?
As pessoas que a gente vai ouvir já estão ‘bombando’ nos seus segmentos. Talvez nem sempre tenha sido assim, acho que elas não nasceram ‘bombando’. Creio que também tiveram percalços, mas conseguiram rompê-los.
Desde 2015, já tivemos mais de 40 turmas presenciais, mais de 20 turmas on-line, e no In Home estamos na 4ª turma – e ainda tivemos o presencial misto, em Portugal. Depois de cinco anos nessa estrada a gente sabe que o investimento feito na formação pode ser recuperado nos dois primeiros meses, no máximo três, desde que o KidCoach siga nossas orientações, acompanhe a mentoria, se dedique a praticar.
Que outro curso traz um retorno tão rápido? Imediatamente você já vê uma mudança comportamental dentro da sua família. A mesma coisa no caso do professor, que muito rapidamente vê uma resposta positiva nos seus alunos. Mas o que poderia impedir uma pessoa de seguir essa trilha, que é natural?
Vou listar aqui o que poderia ser um impedimento para as pessoas fazerem sucesso no Kids Coaching:
– Pensamento de ‘não consigo agir com perfeição nem na minha casa, como vou fazer uma transformação na vida de outras pessoas?’;
– Medos e inseguranças por não ser formado em psicologia, pedagogia ou áreas afins;
– Falar sobre coisas que são fora do senso comum, que a maioria das pessoas desconhece;
– Receber ‘NÃOS’
– Pensamento de ‘minha cidade é muito pequena, não há interesse por esse tipo de serviço’, ou de ‘minha cidade já tem muitos KidCoaches’;
– Julgamento e crenças da família e dos amigos a respeito da educação que dou para meu filho;
– Pensamento de ‘os problemas dos outros vão me afetar?’;
– Receio sobre conseguir estudar todo o conteúdo;
– Medo de não conseguir atender sem ter um espaço próprio para isso;
– Pensamento de ‘como conseguir ganhar a confiança das famílias?’;
– Dificuldade de se divulgar.”
Ariane: “O meu primeiro impedimento foi porque eu não julgava ser capaz de fazer essa virada nem dentro de casa. Até que vi uma aula da Marina em que ela contou uma experiência que teve com o filho. Ela disse: ‘As mães não são perfeitas, e eu também erro.’ Eu me cobrava muito de que não podia errar. ‘Se não consigo fazer em casa, como vou fazer com os outros?’ Mas ela disse uma coisa que fez a minha chave virar: ‘Eu tenho um método.’ Quando comecei a atender, algo que eu percebi é que vamos errar sim. Mas aí vem a lembrança: ‘Eu tenho um método.’”
Marcia: “Isso é uma barreira de muitas pessoas. Essa é uma conversa sabotadora, porque ela começa a exigir de você um nível de perfeição que nenhum de nós jamais terá. E é uma falácia acreditarmos que daremos soluções para a vida alheia. Mas posso me lembrar de que a minha função enquanto KidCoach ou TeenCoach não é dizer para as pessoas o que devem fazer, mas sim ser um veículo para que elas entendam e encontrem sua maneira de resolver as próprias questões. E o legal é que quando você se permite não saber nada sobre a vida do outro, é aí que você mais ajuda. Só quem sabe da família é a própria família.”
Ana: “Em 2017 comecei a estudar. Pouco tempo depois comecei com um mal-estar, me julgando imperfeita e me questionando sobre como ajudaria os outros com problemas que eu não conseguia resolver dentro de casa. A Deisi (Deisilane Bortoloto) foi me ajudando a entender que ao ajudar os outros eu vou entendendo também o que fazer. Outra crença que eu tinha era: ‘O que vou fazer quando me perguntarem sobre meu diploma e eu disser que sou de TI?’. Aos poucos fui descontruindo isso, porque percebi que minha formação não me desautorizava a fazer o trabalho que me preparei para fazer. Eu tinha receio de atender uma criança filha de psicóloga. Mas aí pensei: Ela é psicóloga no consultório dela. Aqui, é mãe. O problema dela não é como psicóloga, mas como mãe.”
Bruna: “Além do que a Ariane e Ana falaram, eu tive outros dois problemas. O primeiro foi o apoio. Quando eu começava a falar do Método as pessoas me julgavam como doida. Moro numa cidade pequena e não tinha nem com quem conversar, e me questionava se estava doida mesmo. Mas aí comecei a aplicar o Método na minha vida e isso me tranquilizou.
A segunda coisa foi aprender com o não. Você oferece seu trabalho nas escolas e toma muitos nãos. Na verdade, ouve mais não que sim. E quando eu ia recebendo nãos, eu confesso que achava que não ia dar certo e pensava em desistir. Mas logo depois eu saía disso e mudava a mentalidade da situação, e mesmo levando nãos eu não desisti.”
Ariane: “Meu esposo e minha sogra julgam e criticam a forma que eu educo meu filho, sobre não bater, não colocar de castigo… Ele fala: ‘Se sou o homem que sou hoje é porque apanhei e não morri’. E eu digo: ‘Não morreu, mas está todo esburacado, cheio de coisas mal resolvidas.’ Antes, meu filho escondia as coisas de mim, não falava nada, nem sobre como tinha sido o dia dele na escola. E hoje qualquer coisa que acontece ele já vem conversar comigo, hoje nossas conversas são fluidas, há uma conexão entre a gente, ele sabe que pode confiar e dividir as coisas com a mãe dele.”
Marina: “Um dos empecilhos que eu enfrentei no início foi o pensamento de ‘Como é que eu vou lidar com os problemas dos outros? Vou pegar essas energias e esses problemas pra mim e não vou saber me manter sã.’ Outra coisa foi a minha relação com o estudo. Como eu ia conseguir dar conta daquele monte de aulas e vídeos? Eu nunca tinha feito um curso desses, e precisei estudar muito. E eu já queria ir logo para a prática, tomei muitos puxões de orelha da Marcia. Além disso, pensava sobre como ia arrumar tempo e organização para atender, ficava pensando que teria que gastar dinheiro para alugar um local (um spoiler: até hoje não tenho um espaço e acho isso ótimo). Outra coisa também era conseguir ganhar a confiança de uma pessoa física, de uma família.”
Marcia: “Para muitas pessoas, esses problemas são paralisantes. Mas isso só acontece com quem faz a formação? Não! Se você se lembrar da sua faculdade, apenas 1% das pessoas que se formam de fato atuam na profissão. As pessoas se formam e ficam frustradas, muitas vezes porque ficam paralisadas com esses pensamentos e crenças autossabotadores que transitam dentro da gente.”
Ariane: “Outro impedimento que tive foi sobre como me divulgar. Eu tinha vergonha de falar em público, achei que teria que virar blogueira, não queria fazer isso.”
Marcia: “É um medo inconsciente de dar certo. Porque enquanto ninguém me chama eu tenho como ir justificando a minha não prática.”
Ana: “O sucesso dá trabalho, agenda cheia dá trabalho. Você começa a não ter folga, não dá mais para dormir depois do almoço.”
Marcia: “E o que fizeram para lidar com as barreiras e impedimentos que vocês mesmas citaram?”
Ana: “Fui aproveitando as oportunidades que tive para me olhar, me curar, prestar atenção nas minhas questões. Eu não me sentia segura de me divulgar para as pessoas que não conhecia, mas ficava tranquila em oferecer o trabalho para meus amigos. Assim eu ia atendendo, ganhando confiança, praticando.”
Marcia: “Seja você um KidCoach, psicólogo ou médico, é natural e desejável que você seja capaz de sentir o que o outro está vivendo e seja capaz de se compadecer e empatizar, tendo a sensação de que entende o que o outro está sentindo. No entanto, se você não consegue equacionar seus problemas internos, suas questões da infância, com seus pais e professores, você não estará vivendo a dor com o outro, mas a sua própria dor através do outro. E aí você não ajuda o outro e nem se ajuda. Você precisa equacionar suas questões, ser livre, se cuidar, e isso você não fará com o coaching, vai precisar procurar um psicoterapeuta. O coaching te ajuda a ter ferramentas e ter percepção de algumas coisas, mas só a terapia trata. Às vezes as pessoas não ‘bombam’ porque não cuidam se si.”
Marina: “Um tiro no pé é ficar se comparando com outras KidCoaches, cada processo é único e individual. Não se compare, faço o seu caminho, dê o seu primeiro passo e conte com a rede de apoio que criamos.”
Ana: “Outra coisa é a gente entender que vai errar, vai ter hora que um pai não vai gostar do que você falou, tem vezes que você vai julgar e sugerir, e tá tudo bem, mas é preciso seguir e tomar consciência sobre isso. Ir aprendendo sobre como fazer melhor.”
Marcia: “Quando você se equivocar numa situação, pode retomar isso na próxima sessão, não é uma cirurgia de barriga aberta. É possível aprender com o erro e resolver a situação, voltar atrás é algo que pode ser feito.”
Ariane: “Tá com medo? Vai com medo mesmo! O segundo atendimento é melhor que o primeiro, o terceiro melhor que o segundo… e por aí vai.”
Marcia: “Eu costumo dizer que cada sessão não pode ser uma sessão, precisa ser um evento na vida daquela família: algo transformador, que cada vez que aquela família esteja com você ou aquela criança esteja com você eles tenham uma vivência, uma experiência tão profunda, tão renovadora, que só queiram melhorar cada vez mais. E o mais lindo dessa história é que as pessoas não criam dependência de você devido à forma como é feita a condução. As pessoas vão gerando cada vez mais autonomia, mais autocomprometimento e autorregulação sobre a própria vida, e é até bastante comum que o processo termine antes das 10 sessões contratadas.
Hoje assisti a uma aula com Erving Polster, o maior ícone vivo da gestalt-terapia atualmente. E ele disse: ‘A vida é extremamente interessante, desde que eu queira me permitir viver.’ Ou seja, como eu quero viver o que caiu no meu colo, como eu quero experienciar e tirar proveito disso? É o que a gente propõe o tempo todo no Método. É não julgar, não ir contra a realidade, não criticá-la, mas absorvê-la, compreendê-la e intervir nela de uma forma positiva, para gerar um novo nível de relacionamento de mim para comigo mesma, e também com os outros que me cercam.”