Recentemente recebemos este relato de uma seguidora: “Eu consigo ficar sem dormir, eu consigo amamentar por horas seguidas, mas para mim o maior desafio da maternidade é ouvir choro de criança.”
Você também se sente assim?
Muitas mães confessam sua dificuldade de deixar vir à tona e sustentar as manifestações de raiva, tristeza e frustração das crianças – seja porque não sabem como ajudar os pequenos, seja porque o choro as irrita a tal ponto que beira o insuportável.
Hoje em dia existe um movimento por uma forma de educar crianças com respeito e acolhimento às emoções. No entanto, nem sempre foi assim. Uma geração atrás ainda era comum que as crianças ouvissem frases como “engole o choro”, “para com isso ou vou te dar motivo para chorar de verdade”, “não quero ouvir nem mais um pio”.
Para essas pessoas (hoje adultas) que não puderam ser acolhidas em seu choro infantil, é totalmente compreensível que falte habilidade para lidar com o choro alheio, em especial se esse alguém é uma criança – que, de acordo com a educação tradicional, “não tem querer”.
O choro é livre = deixar chorar?
Quando se fala em respeitar o choro da criança não se trata de “deixar chorar”, ou seja, ignorá-la até que pare por conta própria. A criança ainda não tem o cérebro suficientemente desenvolvido a ponto de conseguir se autorregular emocionalmente sozinha.
Por exemplo, em certos tipos de treinamento de sono em que o bebê é deixado chorando no quarto até adormecer sozinho, não se pode dizer que em algum momento ele se acalmou e dormiu.
Na verdade, após uma enxurrada de hormônios do estresse ele foi dominado pelo cansaço e acabou pegando no sono. Situações como essa não ensinam o bebê a dormir; por outro lado, ele aprende que está sozinho quando mais precisa de conforto.
O caminho do meio
Há uma ideia do senso comum de que só há duas formas possíveis de expressar emoções: explodindo (com briga, choro e gritos) ou implodindo (“engolindo sapo”). No entanto ambas as opções são prejudiciais a si mesmo e ao ambiente ao redor.
Expressar emoções ditas negativas (raiva, tristeza, angústia) não é considerado errado, muito menos sinal de fraqueza. Pelo contrário, esse aprendizado é fundamental para o desenvolvimento socioemocional do indivíduo. E mais: demonstrar sentimentos e emoções não significa brigar, gritar ou chorar. É possível fazer isso conversando, o que pode ser ensinado às crianças desde cedo.
Na prática
Confira como ajudar sua criança a expressar emoções em três passos:
- Em primeiro lugar, ajuda muito não deixar a criança chegar ao limite (vale para tristeza e frustração, mas também – especialmente para os menores – para sono, cansaço, fome).
- Ao primeiro sinal de que a criança não está bem, acolha-a (com gestos e palavras) e propicie formas para que ela se expresse com tranquilidade.
- Faça perguntas como: “O que você está sentindo/pensando agora?”; “Como posso te ajudar?”; “Você quer ir para um lugar mais tranquilo para conversarmos?”