Diante da crise ou da dificuldade, é melhor confrontar ou se abster?
Algumas pessoas têm uma tendência a partir para o embate, haja o que houver. Já outras têm como padrão “entrar na toca” e esperar passar o furacão. No entanto, hoje já se sabe que nenhum dos extremos é realmente efetivo.
“Ao contrário, o que pode ajudar de verdade as pessoas em seu processo de autodesenvolvimento é fazer uma reflexão e buscar clareza. É quando a pessoa pergunta a si mesma, em cada situação específica: ‘o quanto essa questão é importante para mim?’; ‘quero ou não enfrentar isso?’ que se torna capaz de sair do protagonismo do outro e entrar no seu protagonismo”, analisa Marcia Belmiro.
Para tornar a questão mais clara, vamos dar um exemplo:
Um casal se separou há um ano, e desde então o pai foi reduzindo o contato com o filho até cessá-lo totalmente. Essa criança pode escolher tomar a iniciativa e fazer contato com o pai, dizendo a ele como se sente e do que precisa (mais presença, mais atenção).
Ou, apesar de considerar essa uma questão muito importante em sua vida, o filho pode optar por não procurar o pai, por entender que a relação com ele lhe traz mais mal do que bem (ex.: o pai tem algum distúrbio psiquiátrico ou drogadição).
Essa decisão (qualquer que seja) torna o filho protagonista da relação com seu pai. Agindo dessa forma ele consegue sair do clássico “meu pai nunca mais me procurou” (situação de protagonismo do pai), que gera traumas em tantas pessoas.
Em nossa sociedade, encarar os problemas de frente é visto como sinal de força. Mas a força também pode estar em respeitar seus limites e se recolher.
Voltando ao exemplo do pai e do filho, mesmo que o menino decida não fazer o enfrentamento o ideal é que isso aconteça com consciência de si, não por medo ou se enganando de que “está tudo bem”, quando na verdade sofre com isso todo dia.
Por outro lado, se esse filho resolve procurar o pai, provavelmente não vai ser eficaz chegar com uma postura de “vou dizer umas verdades a ele”, mas com a intenção de resolver da melhor maneira uma situação que é importante para a criança.
A reflexão sobre confrontar ou não (que é diferente de brigar) não precisa ser tomada solitariamente (seja a pessoa em questão adulto ou criança). Sempre é possível pedir ajuda a um profissional capacitado para oferecer essa escuta e auxiliar na reflexão. Esse profissional pode ser um coach ou, em determinados casos, um profissional da saúde, como psicólogo ou psiquiatra.