Tudo parece bem, até que seu filho solta aquela frase que você nunca imaginou que escutaria: “Eu te odeio.”
Na hora, ao ser surpreendido por tal declaração, parece que as palavras querem pular da sua boca: “Seu mal-agradecido! Tem ideia de como me sacrifico por você?” No entanto, dar o troco na mesma moeda pode ser a pior reação.
“Sem plateia não há show. Os pais, como os adultos da relação, têm o papel de agir com equilíbrio, sem entrar nessa disputa. Se a criança percebe que conseguiu atingi-los dessa forma, provavelmente vai fazer isso outras vezes”, explica Marcia Belmiro.
O que está por trás da agressão
Marcia enfatiza que na quase totalidade dos casos em que os filhos dizem aos pais coisas do tipo “eu te odeio”, “queria ter outra mãe/outro pai”, “nunca mais vou ser sua amiga”, “quero que você morra”, não é isso que eles querem dizer de verdade.
“A criança não ataca aqueles a quem é indiferente, somente a quem ama. De modo geral, essa é a maneira que consegue demonstrar raiva, frustração ou revolta por um limite dado”, analisa Marcia.
De acordo com as pesquisadoras Adele Faber e Elaine Mazlish, no livro Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar, nesse tipo de situação os pais podem responder com frases do tipo: “Não gostei do que ouvi. Se você está bravo por alguma razão, diga-me de outro modo. Então, talvez eu possa ajudar.”
Como ajudar seu filho
Marcia acrescenta que o melhor que os pais podem fazer nesse momento é ajudar o filho a compreender e nomear seus sentimentos, de modo a poder dizê-los mais claramente e lidar melhor com eles numa próxima situação.
“O amor dos pais não pode ser condicionado às atitudes da criança. Se ela se comporta como o esperado, tem amor; do contrário, é rejeitada. Por outro lado, os pais não sentem apenas felicidade e gratidão pelos filhos. É normal que sintam raiva, mas sem deixarem de amá-los. De todo modo, se perceber que você e seu filho estão sob tensão, não é este o momento para conversar. Dê um tempo para se acalmarem e, então, retome o assunto com mais calma”, conclui Marcia.
Fonte:
Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar. Adele Faber e Elaine Mazlish. São Paulo, Summus, 2003.