“Nem todo herói usa capa.” x “Ser professor é um castigo.”
Seja nas redes sociais ou nos debates entre especialistas, grande parte da discussão a respeito do papel do professor em nosso país ainda está presa à dicotomia herói versus vítima.
Um dos pontos importantes da questão é perceber que os dois lados dessa polêmica são como faces da mesma moeda. Ao supostamente valorizar o magistério, comparando-o a um sacerdócio ou algo do tipo, há uma ideia subjacente de que, por trás de uma nobre missão (como o é, de fato), existe uma confusão de que professor tem que sofrer com alta carga horária, sem salários decentes e muitas vezes sem nem condições básicas de trabalho. Por outro lado, qualquer profissão – inclusive o magistério –, para ser bem exercida pressupõe amor, dedicação, significado para quem a exerce.
Marcia Belmiro pondera: “Não existe ‘professor herói’, ‘professor anti-herói’ nem ‘professor vítima’, mas sim o professor que acredita na educação como ferramenta de contribuição para as próximas gerações e aquele que não acredita. A educação mudou, e hoje não dá mais para seguir os parâmetros de antigamente, nem mesmo esse debate dicotomizado. Existem, sim, dificuldades que todos os professores enfrentam, mas trago a seguinte reflexão: Para você professor, continua fazendo sentido exercer seu ofício nas circunstâncias que se apresentam? Esse é o ponto de avaliação para uma tomada de decisão de prosseguir ou mudar sua rota profissional.”
Idealismo x responsabilidade
Marcia propõe uma profunda verificação do propósito que trouxe você, professor, até aqui. O propósito que levou você acreditar que mudaria o mundo pela educação, que levou você a contribuir com o desenvolvimento de cada aluno que esteve sentado a sua frente. A questão é: paixão sim, mas sem ingenuidades. Você, prezadíssimo professor, traz tanto mais progresso aos seus estudantes e à sociedade à medida que cuida de si e de seu potencial profissional ao mesmo tempo que respeita os próprios limites.
“Para ser um bom educador não é preciso ser um mártir, até porque ir para esse lugar não garante uma prática mais assertiva em sala de aula, e não raro leva à frustração e à culpa. Em vez disso, o que realmente funciona é apostar no empoderamento do aluno, entendendo que o papel do professor não é mais de transmissor de conhecimento e informação, mas de estímulo à capacidade de raciocinar do aluno, de instigar o aprendiz à análise crítica e à reflexão como modo mais eficaz de ajudar no processo de geração de conhecimento”, analisa Marcia.
A questão é: Você, professor, quer continuar a exercer seu ofício neste mundo, com as circunstâncias que se apresentam? Com autoridade sem autoritarismo, com presença sem ser invasivo, com liderança verdadeira sem imposições ou subserviência?
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