Em março, quando foi decretada a quarentena por conta da pandemia de coronavírus, muitas empresas Brasil afora instituíram o home office para seus funcionários. Hoje, chegando à marca de seis meses nesse sistema, as pessoas já começam a se perguntar: O home office eterno é possível?
De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Cushman & Wakefield com 122 executivos de multinacionais que atuam no país, 73,8% cogitam seriamente manter o trabalho em casa como prática definitiva, mesmo após o fim da pandemia.
Alguns dados que apoiam essa possibilidade:
Para 25,4% dos entrevistados, a experiência do trabalho remoto é totalmente positiva, enquanto para 59% há mais pontos positivos do que negativos. Apenas 2,5% dos executivos ouvidos disseram que a experiência é totalmente negativa e outros 13,1% afirmaram que há mais pontos negativos do que positivos. (Fonte: Exame.com)
Outra pesquisa, esta realizada pelo LinkedIn (a maior rede social profissional do mundo) com 2 mil usuários, concluiu que o teletrabalho não é unanimidade, se considerados funcionários de diversos níveis hierárquicos.
De acordo com o levantamento, 62% estão mais ansiosos e estressados com o trabalho do que antes; 39% se sentem solitários; e 20% se sentem inseguros porque têm dificuldades em saber o que está acontecendo com seus colegas de trabalho e a empresa onde trabalham. (Fonte: Exame.com)
Mulheres e mães são mais vulneráveis
Outra questão importante diz respeito às condições de trabalho das mulheres, especialmente mães, a quem historicamente o cuidado com a casa e os filhos é relegado. No Brasil ainda não há dados a esse respeito. Mas, nos Estados Unidos, o desemprego entre as mulheres atingiu patamar recorde desde 1948: pulou de 4%, em março, para 15,5% em abril. Nos EUA já se fala até em shecession (misturando as palavras ela e recessão, para deixar claro que as mulheres têm mais a perder em uma situação de crise econômica).
“Mesmo as corporações que nunca tinham cogitado o home office estão percebendo que, se bem pensado, ele tem muitas vantagens: não só pela redução dos custos fixos, como aluguel, luz e manutenção – o que para algumas empresas é garantia de sobrevivência do negócio neste momento –, mas porque em muitos casos a produtividade aumentou. Os funcionários, que não estão se deslocando pela cidade para ir e voltar ao local de trabalho, podem usar o tempo extra para atividades que aumentam sua qualidade de vida, como exercícios físicos e em momentos com a família”, analisa Marcia Belmiro.
Marcia acredita que, no futuro próximo, a tendência é que haja empresas híbridas, mesclando o trabalho in loco ao home office: “Existem, claro, algumas funções que não podem ser extintas presencialmente, como profissionais que operam máquinas, mas hoje vemos que o trabalho de escritório clássico pode acontecer em praticamente qualquer lugar. Essa quebra de paradigma tem tudo para se expandir com ganhos para todos, desde que sejam olhados os aspectos comportamentais (para diminuir a sensação de solidão dos profissionais, por exemplo), e que haja uma análise caso a caso, de modo a não penalizar as mães e demais categorias que necessitam de rede de apoio para continuar o trabalho remoto.”
Fontes:
“Home office definitivo? Para 74% das empresas no Brasil, a resposta é sim”. Disponível em: https://exame-com.cdn.ampproject.org/c/s/exame.com/carreira/home-office-definitivo-para-74-das-empresas-no-brasil-a-resposta-e-sim/amp/
“Covid-19: mais de 60% estão estressados com o trabalho em casa”. Disponível em: https://exame.com/carreira/covid-19-mais-de-60-estao-estressados-com-o-trabalho-em-casa/
“Retomada econômica ignora mães que precisam ir ao trabalho e não terão escolas para deixar os filhos”. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-06-04/retomada-economica-ignora-maes-que-precisam-ir-ao-trabalho-e-nao-terao-escolas-para-deixar-os-filhos.html