Numa sociedade que prega como único caminho para o sucesso “fazer amigos e influenciar pessoas”, aqueles que não se sentem confortáveis no centro dos holofotes podem se sentir fadados ao insucesso. No entanto, a timidez não é um defeito, tampouco uma sina. É apenas um traço de personalidade – que, como qualquer característica, pode ser utilizada a seu favor.
A timidez, por si só, não precisa de “conserto”, nem é necessário se livrar dela. A não ser que para você isso seja um problema – independentemente do que dizem os outros. Se você gostaria de expor suas opiniões, falar em público, liderar uma equipe, mas não se sente à vontade para tal, temos uma boa e uma má notícia: não dá para deixar de ser tímido, mas é possível, sim, mudar certos comportamentos de modo a se sentir melhor consigo mesmo.
Aqui vale um esclarecimento:
Muitas vezes o que se chama de timidez na verdade é baixa autoestima, e esta realmente pode atrapalhá-lo, não só no ambiente de trabalho, mas em todas as esferas da vida.
A pessoa tímida não se sente à vontade em ambientes cheios e barulhentos, nem em interagir com desconhecidos, e facilmente troca uma festa badalada pela companhia de um bom livro no sábado à noite. Mas, ao contrário do indivíduo com baixa autoestima, consegue enxergar suas potencialidades e as utiliza com intenção.
Já as pessoas com baixa autoestima têm um medo exagerado de errar, e frequentemente não vão atrás de seus sonhos por não se sentirem capazes para tal. Enxergam suas dificuldades com uma lente de aumento, e ao mesmo tempo seus talentos passam quase despercebidos. Seu lema é: Se algo pode dar errado, dará.
Vantagens de ser tímido
No livro O poder dos quietos: Como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar, a autora, Susan Cain, defende que, na verdade, esse tipo de temperamento pode beneficiar quem o possui. Ela cita algumas características dos tímidos que podem ser vistas até como vantagens competitivas no mercado de trabalho: capacidade de concentração, reflexão, ponderação, escuta, sensibilidade.
Susan destaca que algumas das maiores ideias e invenções da humanidade – da teoria da evolução ao Google – vieram de pessoas introvertidas. A pesquisadora refuta a opinião do senso comum de que “para sermos bem-sucedidos temos que ser ousados, para sermos felizes temos que ser sociáveis”. De acordo com Susan, pelo menos um terço das pessoas que conhecemos são introvertidas – “elas preferem ouvir do que falar; elas inovam e criam, mas não gostam de autopromoção”. Quantos recrutadores não desejam esse perfil de colaborador em sua empresa?
Se você se considera uma pessoa tímida, saiba que obter sucesso e realizações não tem nada a ver com temperamento introvertido ou extrovertido, mas com se conhecer profundamente e usar com sabedoria seus recursos internos. Quando o indivíduo faz esse mergulho interno e se apropria das suas melhores qualidades, potencializando-as, inevitavelmente vai atrair o melhor para si.