Você sente que tem algo “empacando” sua evolução profissional? Parece que, por mais que você busque novos caminhos e se esforce por seus objetivos, no fim das contas nunca alcança o reconhecimento, o cargo ou a remuneração que deseja?
Pode ser que você, assim como muitas pessoas, esteja sendo bloqueado por pensamentos automáticos distorcidos. Mas o que isso significa?
Um dia comum de um ser humano comum é infestado de pensamentos automáticos, que surgem na mente sem aviso. Ocorre que muitos deles contêm erros lógicos, ou seja, pensamentos com informações distorcidas.
Eles se baseiam em esquemas mentais e crenças profundamente arraigadas em nós, e se sustentam numa lógica própria. Aparentemente fazem todo sentido, de tal forma que sequer discutimos internamente sua existência e, quiçá, sua permanência ao longo de toda uma vida. Essas crenças estão lá, alojadas em nosso complexo arcabouço mental, presentes no dia a dia, nas relações com as pessoas de casa e do trabalho.
“Os pensamentos distorcidos decorrem de experiências de vida, da cultura familiar de onde somos egressos; enfim, de registros que foram se inscrevendo e se acumulando em nosso sistema mnemônico. Esses pensamentos levam a sentimentos distorcidos, que por conseguinte nos conduzem a comportamentos desconectados da realidade”, analisa Marcia Belmiro.
As formas de pensamentos distorcidos mais comuns são:
1) Leitura de mente – Presume saber o que as pessoas pensam sem ter evidências suficientes de seus pensamentos. Ex.: “Ela acha que eu sou um perdedor.”
2) Adivinhação – Realiza previsões do futuro. Ex.: “As coisas vão ficar muito piores.”
3) Catastrofização – Acredita que o que está acontecendo ou o que acontecerá será tão terrível e insuportável que não vai ser capaz de resistir. Ex.: “Não poderei viver sem ele.”
4) Rótulos – Determina traços ou características não questionáveis para si mesmo e para os outros. Ex.: “Eu sou indispensável.”
5) Desconsiderando o positivo – Considera que as habilidades positivas em si mesmo ou nos outros são triviais. Ex.: “Só passei no concurso porque a prova estava fácil.” ou “Eles só ajudaram porque queriam aparecer para o chefe.”
6) Filtro negativo – Foca quase exclusivamente no que é negativo, raramente percebendo o lado positivo. Ex.: “Meus funcionários são incompetentes.”
7) Generalização – Percebe um modelo global negativo com base em um incidente único. Ex.: A pessoa terminou um namoro e pensa: “Nunca vou conseguir me casar.”
8) Pensamento dicotômico – Considera eventos ou pessoas em termos de “tudo ou nada”. Ex.: “Ou gosta de mim ou não gosta.”
9) Deveres – Determina como as coisas deveriam ser em lugar de simplesmente focar em como são e lidar com essa realidade. Ex.: O jogador que foi colocado no banco de reservas e diz: “A gente tem que acatar a decisão do técnico, ele é que sabe o que é melhor para o time.”
10) Supervalorização do positivo – Exagera nas características positivas de alguém ou de uma situação, baseado na satisfação ou em ganhos que está obtendo. Ex.: Acabou de saber que Adriano fez uma recomendação elogiosa de seu trabalho para outro setor e pensa: “Adriano é simplesmente maravilhoso!!!”
11) Transtornos narcísicos – Com frequência atribui a si e somente a si todos os resultados esperados. Ex.: “Não fosse pelas minhas ideias, esse projeto não seria um sucesso.”
12) Personalização – Atribui a si uma quantidade desproporcional de culpa por eventos negativos e falhas, sem conseguir ver que certas situações recebem a contribuição de várias fontes e fatores. Ex.: “Meu filho usa drogas porque não sou um bom pai.”
13) Culpabilização – Coloca o problema fora de si, considerando que as outras pessoas são a fonte de seus infortúnios, recusando-se a tomar a responsabilidade por mudar. Ex.: “Fui demitida porque fizeram fofoca com meu nome.”
14) Orientação regressiva – Foca na ideia do que poderia ter feito melhor no passado, ao invés de focar no que poderia fazer melhor agora. Ex.: “Eu não devia ter dito aquilo, agora não tem mais jeito.”
15) E se? – Faz-se uma série de perguntas sobre e se alguma coisa acontecesse, e nenhuma resposta é satisfatória. Dessa forma a pessoa paralisa, não faz nada, fica muda. Ex.: “E se eu não souber responder direito?”
16) Inabilidade para desconfirmar – Rejeita as evidências ou os argumentos que poderiam contradizer seus pensamentos. A pessoa cria escapes. Esta distorção pode acompanhar qualquer uma das outras. Ex.: “Não é esse o problema real. Existem questões mais profundas, outros fatores que você não consegue perceber.”
17) Foco de julgamento – Vê a si mesmo e aos outros dicotomicamente, em vez de simplesmente aceitar ou entender a realidade. Mede continuamente a si e aos outros de acordo com um padrão arbitrário no qual todos falham. Ex.: “Você deveria ter feito mais.”
Como lidar com os pensamentos automáticos e distorcidos?
Marcia Belmiro orienta: “Analise seu dia a dia. Pense em situações nas quais você gostaria de agir de forma diferente, situações em que a forma como vem agindo até este momento traz grandes prejuízos na sua rotina. Procure identificar algo que você pense, com frequência, durante essas situações, e que talvez esteja impedindo você de ter novas atitudes nesses casos.”
Agora, acesse a live que Marcia Belmiro fez em 19/8, na qual ela fala sobre Mudança de mindset. A partir do minuto 59, Marcia aborda o exame de evidências, que auxilia enormemente a refletir sobre os pensamentos distorcidos. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=2Qm4vErWfOM&feature=youtu.be