Existe uma crença largamente difundida de que adolescentes são difíceis, irredutíveis, rebeldes. Assim, quem trabalha com esse público, por consequência, tem que ter uma coragem além da média, suportar ser ignorado e desafiado constantemente: em suma, ser quase um super-herói.
No entanto, assim como a maioria dos rótulos, este conta só uma parte da realidade. Adolescentes podem se mostrar, sim, indiferentes, reativos e até debochados, mas quem supera a barreira do estereótipo descobre que eles também podem ser empolgados, motivados, e têm uma capacidade de mudar seus comportamentos muito grande.
“Não há dúvida que se trata de uma fase desafiadora. Por outro lado, os adolescentes podem ser muito aderentes ao novo quando se sentem ouvidos e acolhidos em suas necessidades e dificuldades. A intensidade natural do jovem também aparece quando ele ‘compra’ uma ideia ou um projeto e entra nele de cabeça, cheio de motivação”, analisa Sabrina Oliveira.
Potencial de transformação para a vida
Sabrina aborda outro aspecto importante: quando o trabalho voltado para adolescentes é bem-feito, tem um grande potencial de marcar esses indivíduos para o resto da vida.
“Quando o profissional trata o adolescente como criança ou como adulto, a ‘rebeldia’ aparece mesmo. No entanto, se ele é visto em suas especificidades, como um ser humano em uma importante fase de transição, as chances de obter uma transformação real e intensa são grandes”, conta Sabrina.
De acordo com ela, a possiblidade de promover mudanças significativas no futuro dos jovens tem atraído muitos profissionais:
“Os adolescentes não são ‘enferrujados’ como os adultos, cheios de crenças limitantes e preconceitos. Quando compreendem a necessidade de fazer uma mudança de atitude, ela acontece rapidamente e de forma duradoura. Todos temos alguém que marcou nossa própria adolescência, alguém que nos inspirou. Pensando nisso, também podemos ser agentes de transformação na vida dos jovens de hoje”, avalia Sabrina.
Para quem sente esse chamado para transformar a vida de adolescentes mas tem medos ou inseguranças relacionados a esse público, Sabrina garante que não é esse “bicho de sete cabeças”, como diz o senso comum, e mais: que é possível desenvolver a habilidade específica de trabalhar com adolescentes e suas famílias, com resultados surpreendentes.