É comum os pais se perguntarem se determinada amizade do filho é positiva. Isso pode acontecer desde que as crianças são bem pequenas, afinal a socialização começa já na primeira infância. Esse tipo de preocupação é legítima, já que às vezes o que pode parecer “coisa de criança” na verdade é um caso de relacionamento tóxico, ou até de bullying.
Quem tem filhos sabe que existem crianças naturalmente mais passivas e outras com características mais dominantes, e já é possível perceber esses “papéis” em grupos de crianças em idade pré-escolar.
Isso não é um problema por si só, mas precisa ser observado de perto, para que não vire um jogo de “seu mestre mandou”, em que uma criança sempre impõe sua vontade e as demais simplesmente acatam, sem levar em conta seus desejos em momento algum. Em vez disso, os pais podem estimular um aprendizado mútuo, que será enriquecedor para ambas as partes.
Uma criança que tem uma relação aberta e pautada no respeito dentro de casa dificilmente vai aceitar uma amizade tóxica na escola. A criança que se submete a outra, que por sua vez se sente superior, talvez esteja espelhando uma situação que vê em casa, em que amor e violência (não necessariamente física, mas sobretudo psicológica) se confundem, e aí instintivamente busca o mesmo modelo fora de casa.
Crianças que são respeitadas, ouvidas, se sentem pertencentes àquele sistema familiar vão naturalmente buscar relações saudáveis que espelhem essa situação à que estão habituadas.
De todo modo, o fato de ter uma relação conflituosa em casa não significa que a criança está fadada a só ter relações ruins ao longo de toda a vida. Esse sistema pode ser alterado, por exemplo, quando a criança em questão faz um processo terapêutico, ou quando tem a oportunidade de observar outras relações de afeto em outras famílias com as quais tem contato.
Quando acender o sinal de atenção?
Se os pais percebem que o filho está em um relacionamento tóxico, o ideal é, em vez de simplesmente proibir essa amizade, conversar com a criança e entender como ela se sente em relação a isso. Se notarem que o pequeno sofre uma influência negativa do amiguinho e isso está abalando sua autoestima, podem estimulá-lo a falar com o colega sobre como se sente, com firmeza e respeito. Assim, a criança já vai aprendendo uma das habilidades socioemocionais mais importantes, a de expressar seu incômodo perante uma situação desconfortável, e pedir ao outro que mude sua atitude.