Você, professor, já pensou em usar o humor em sala de aula?
Recentemente a neurociência vem provando que as emoções não são apenas funções auxiliares ou secundárias da aprendizagem, como se acreditava até então, mas sim parte fundamental do processo de ensino.
Vitor da Fonseca, no artigo “Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica”, afirma que as emoções “desempenham um papel formativo na cognição e na aprendizagem”, e que é “consensual que o funcionamento do cérebro na aprendizagem coloca a emoção incrustada na cognição”.
O pesquisador detalha como isso se dá: “Quando o input emocional é adicionado à experiência de aprendizagem, o cérebro capta e processa os estímulos de forma mais significativa e profunda, facilitando a sua retenção e recuperação e, consequentemente, a elaboração e regulação das respostas. A emoção guia a atenção e esta, por sua vez, guia a memória e a aprendizagem.”
Fonseca conceitua o humor como o conjunto de estados emocionais duradouros (positivos ou negativos) que influenciam a cognição e a ação ou o comportamento do indivíduo. Aqui, neste artigo, abordaremos o bom humor e como ele pode contribuir, na prática, para um processo de ensino-aprendizagem mais eficiente na escola.
Especificamente sobre isso, Dayane Fernandes da Silva analisa, no trabalho “Ludicidade no processo de aprendizagem: uma análise sob a visão dos educadores infantis”, que quando o professor usa o humor em sala de aula, no aluno, por sua vez, “cresce a vontade de aprender, seu interesse ao conteúdo aumenta e dessa maneira ele realmente aprende o que foi proposto a ser ensinado”.
Nesse sentido, Marcia Belmiro faz uma distinção importante: “Levar o humor para a sala de aula não significa ficar contando piadas, tampouco fazer palhaçadas. Alguns professores são naturalmente engraçados e se beneficiam disso. Mas se não é o seu caso, não é preciso forçar uma situação. Ter senso de humor significa encarar as circunstâncias (favoráveis e desfavoráveis) com leveza e criatividade, tem a ver com perceber que uma aula pode ser uma oportunidade agradável e até divertida – tanto para os alunos quanto para o professor.”
Fábio Borges, coach de humor e palestrante, dá duas dicas de como inserir o humor no dia a dia (inclusive na sala de aula). Confira:
– Autodepreciação: É quando a pessoa fala mal de si mesmo intencionalmente, com o objetivo de chamar a atenção para a comicidade presente no cotidiano. Ex.: “Bom dia para você que, assim como eu, está se sentindo o Tom Cruise hoje – não pela beleza, mas pela missão impossível que foi levantar da cama.”
– Regra de três: É quando a pessoa faz uma lista de três itens, sendo que o terceiro provoca o riso. Ex.: “Hoje é dia dos 3Fs: Foco, força e… funções logarítmicas.”
“Os cientistas já descobriram que quando a gente ri, mesmo que seja um riso provocado intencionalmente, os hormônios do bem-estar e do prazer são liberados, e a partir daí conseguimos sair do estado anterior de sisudez e buscar soluções que não haviam sido cogitadas até então”, comenta Marcia Belmiro.
Por fim, Marcia faz uma provocação: “O que faz parte da sua maneira natural de agir que pode ajudá-lo a trazer à tona o lúdico, o sentido de divertimento nas ações cotidianas e normais? Faço um convite para que você busque em si mesmo essa diversão, esse humor, e coloque isso para fora em todos os ambientes onde você estiver – inclusive e principalmente na sala de aula.”
Fonte:
“Ludicidade no processo de aprendizagem: uma análise sob a visão dos educadores infantis”. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/1808/1/DFS17062016
“Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica”. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000300014