No dia 12/1, Marcia Belmiro fez a 1ª live da série “Toda dificuldade tem solução”, na qual a criadora do Método Core KidCoaching aborda as principais questões das mães que a procuram. Nesta ocasião, Marcia explicou por quais motivos as regras e combinados às vezes não funcionam, e mostrou em detalhes como utilizar essa ferramenta de modo assertivo e eficaz.
Confira:
“Trago uma boa notícia: Toda dificuldade que você esteja vivendo dentro da sua casa tem solução! Às vezes o cansaço e as demandas do dia a dia nublam nossa percepção e não conseguimos descobrir o que fazer para sair de situações nas quais ninguém está confortável: brigas, gritos com os filhos – ou o contrário, muito silêncio, que também é sintoma de que algo não está funcionando da melhor forma possível.
O que falta muitas vezes aos pais são ferramentas que possam auxiliá-los. Em minha jornada, encontrei soluções que realmente funcionam. Não são soluções prontas, porque não acredito nisso. Mesmo com mais de 40 anos atuando como psicóloga e mais de 15 anos como coach, não sei o que é melhor para a sua família. Só você tem essa resposta. A minha função aqui é de ajudar você a descobrir o que é melhor para si.
As famílias se reconectam a partir de ferramentas que apresento no Método CoRE KidCoaching, que eu criei. Essa metodologia trabalha no sentido de ajudar você a, junto com seu sistema familiar, descobrir o que faz sentido para você, e trazer isso para a prática.
Vamos falar sobre como construir regras em combinados com os filhos. Muitas mães tentam criar regras e combinados, mas nem sempre funciona. Quando não são bem construídos, pode ser que funcionem mais ou menos, ou que funcionem por um período determinado, e depois parem de funcionar.
As razões por que as regras e combinados não funcionam são:
- A mãe diz o que quer e no final fala: “Combinado?” Nesse caso, não se trata de um combinado, mas de uma imposição.
- A mãe não confia que o filho vai conseguir cumprir o que ficou definido, e demonstra isso com frases do tipo: “Estou de olho em você”; “Quero ver se dessa vez vai ser diferente da última, que você fez tudo diferente do combinado”; “Olha lá, hein!”
- A mãe usa barganhas para que o combinado seja cumprido. Ex.: “Se você fizer tal coisa, deixo você ficar mais tempo no videogame.” Esse tipo de situação pode ser confundida com negociação, mas na verdade é uma barganha. Quando o adulto propõe uma compensação, o filho não realiza o combinado porque aquilo fez sentido para ele, mas porque ele vai ganhar algo em troca com isso.
- A mãe pune a criança caso o combinado não seja cumprido, e nesse momento deixa de acreditar no filho. Ex.: “Você não cumpriu o combinado X, e por isso vai ficar uma semana sem ver televisão.” Pesquisas mostram que as crianças até 12 anos não respondem à punição com aprendizado, mas se sentem injustiçadas e o percebem como desamor.
Para criar regras e combinados com crianças e adolescentes, o adulto não pode fazê-lo sozinho. Só existe uma maneira de fazer isso de forma eficaz, que é em conjunto.
Passo 1: Traga o problema. “Filho, você não está escovando os dentes depois de comer, e por isso corre o risco de ter cárie.”
Passo 2: Exponha as regras do seu sistema familiar (isso pode ser adaptação para alimentação, uso de telas etc., e a regra tem que valer para todos da família)): “Na nossa casa, a saúde dos dentes é algo importante. Todos vão ao dentista regularmente, e escovam os dentes depois de cada refeição.”
Passo 3: Pergunte para a criança o que ela pensa disso e como acredita que pode resolver o problema. Provavelmente a primeira resposta vai ser: “Não sei como resolver.” Aí os pais respondem: “Entendi, mas precisamos resolver essa questão. Como podemos fazer isso?” O filho pode dizer: “É que eu não gosto de escovar os dentes.” Os pais respondem: “Não estou perguntando se você gosta de escovar os dentes, a questão é como você vai fazer para se lembrar de escovar os dentes depois de comer.” É possível que a criança fique chateada, mas os pais não desistem: “Temos todo o tempo do mundo para chegar a uma solução. Esse é um problema que afeta muito mais a você que a mim, pois são seus dentes que estão em jogo. E tratar uma cárie é algo que pode doer bastante.”
Passo 4: Ouvir as propostas do filho e ir avaliando com ele quais fazem mais sentido e são mais efetivas. A criança pode dizer: “Vou colocar o celular para despertar e assim não esqueço mais.”
Passo 5: Incentivar a criança a escrever num quadro branco ou cartolina o que foi combinado. Ex.: “Colocar um alarme e, quando o celular tocar, parar o que estiver fazendo e ir escovar os dentes.”
Normalmente quando as regras e combinados são constituídos dessa forma, com soluções propostas pela criança ou adolescente, elas costumam se perpetuar. Mas supondo que algo aconteça e eventualmente a criança quebre a regra, essa não é a hora de deixar de acreditar na criança, mas de ter uma nova conversa: “Filho, a regra era essa, e estou vendo que não está sendo cumprida. O que vai ser feito agora?” Novamente os adultos jogam a bola para a criança/ adolescente dar a solução.
A partir dos 4 anos de idade esse passo a passo funciona muito bem. Quando a criança ainda não sabe ler nem escrever, o Passo 5 não vai ser por escrito, mas a criança pode fazer desenhos no lugar.”