O norte-americano Herbert Simon, prêmio Nobel de Economia, certa vez disse: “A riqueza de informação cria pobreza de atenção, e com ela a necessidade de alocar a atenção de maneira eficiente em meio à abundância de fontes de informação disponíveis.”
É possível perceber claramente que o excesso de informação a que somos submetidos reduz nossa concentração. Nos adolescentes, no entanto, esse efeito é multiplicado. De acordo com pesquisas, uma das maiores dificuldades da geração z é reagir adequadamente a tantos estímulos e atividades simultâneos. Quando isso não acontece, a consequência é muito cansaço mental, pouca produtividade e insatisfação com os resultados obtidos.
Pensando em “uma forma de alocar a atenção de maneira eficiente”, como sugere Simon, cientistas vêm estudando como levar práticas de mindfulness (conceito cuja tradução é “atenção plena”) para os jovens, levando em conta que esse tipo de exercício é comprovadamente eficaz para adultos – entre os estudos mais famosos está o de Mrazek et al. intitulado “Mindfulness Training Improves Working Memory Capacity and GRE Performance While Reducing Mind Wandering”, de 2013.
Contexto ideal para promover a autorregulação
De acordo com o artigo “Mindfulness em ambientes escolares: adaptações e protocolos emergentes” (citando Huppert & Johnson, 2010; Kuyken et al., 2013), na faixa etária de 12 e 16 anos existe uma janela do desenvolvimento fundamental para a promoção da autorregulação, num período no qual os estudantes são expostos pela primeira vez a estressores escolares e sociais inerentes a esta etapa do desenvolvimento e de tantas mudanças internas. Segundo os pesquisadores, exercícios de respiração aliada à concentração promovem aumento de bem-estar geral e de habilidades para lidar com os estressores.
Ainda neste artigo, Tatton-Ramos et al. citam Thompson e Gauntlett-Gilbert (2008) ao explicar que são necessárias algumas adaptações para o público jovem, como: menor duração das práticas; engajamento de pais e cuidadores; maior utilização de práticas denominadas “informais”, com a inclusão de uma atitude mindful e autocompassiva em atividades cotidianas, em vez do estabelecimento de um compromisso formal com um exercício específico, por um número exato de minutos por dia; aumento da variedade de práticas (incluindo a incorporação da tecnologia, como a utilização de tablets e internet); e utilização dos cinco sentidos nos exercícios.
Eles afirmam que, fazendo essas adaptações, é possível obter resultados semelhantes aos das pesquisas com mindfulness em adultos – ajudando a melhorar a concentração, o sono e a memória, reduzir a ansiedade e a distração, e ampliando o sentimento de satisfação consigo mesmo.
Na prática
Para quem quer testar os benefícios do mindfulness com seus adolescentes, o ideal é iniciar com práticas de meditação guiada de curta duração – os especialistas sugerem que nessa faixa etária o ideal é começar com cerca de três minutos e ir aumentando aos poucos, até chegar a quinze minutos, no máximo. Entre os aplicativos para celular mais populares estão Medite.se, Lojong e Insight Timer.
Fontes:
“Mindfulness em ambientes escolares: adaptações e protocolos emergentes”. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2016000400010
“Mindfulness Training Improves Working Memory Capacity and GRE Performance While Reducing Mind Wandering”. Disponível em:https://scottbarrykaufman.com/wp-content/uploads/2013/04/Mrazek-et-al.-2013-Mindfulness-Improves-WMC-GRE-Focus.pdf